Após muito tempo sem postar aqui, venho com uma história real de amor,
trapalhadas, lençol, enterro e amizade.
* * *
Há algumas semanas atrás aconteceu algo muito chato
para a vida... A morte. E foi mais ou
menos assim que aconteceu:
- Alô!
- Markin?!
- Fala Waderson! Beleza?
- Não.
- Ueh, o que houve?
- O Chokito acabou de morrer.
- Mas ele estava vivo ontem! (Eu queria ter dito que o vi ontem. Basta
estar vivo, né?!)
- Me ajuda a levá-lo pra algum lugar?
- Claro, passa aqui...
Eu estava ao lado da Lidia e do namorado dela, o
Cake (o apelido dele se escreve diferente, mas eu gosto dessa grafia). Avisei aos dois que o Chokito havia morrido e
que iria ajudar o Waderson. Eles nunca
tinham ouvido falar naquele Chokito, enxerguei duas interrogações gigantes em
suas testas. Expliquei que a Nestlé não
tinha nada a ver com aquilo. Era o
cachorro de estimação do nosso amigo, um Chow chow lindo, da língua azul
(já tinha a língua azul, bem antes de morrer).
Logo chega o Waderson com aquele semblante de olhar
perdido, dizendo que seu filho e esposa estavam chorando em casa. Perguntei-lhe onde estava nosso amigo que
partiu e ele respondeu seco, “no porta-malas”. Precisávamos de pá e enxada, fomos à casa
de outro amigo, o Glauber. Chegando lá encontramos quase todos da família em
casa. Era perto da hora do almoço. Preciso ressaltar que o sol estava com toda
vontade de nos torrar e o céu era seu comparsa - não havia nuvens sob nossas
cabeças. Peguei as ferramentas com
família do Glauber, que numa curiosidade impar, quiseram (todos) ver o “Chokito
embalado” num lençol, dentro do porta-malas.
Partimos rumo ao cerrado! Ao se aproximar do meio
dia, o calor ia ficando mais insuportável. Quando dei a idéia de adentrarmos o
cerrado, o Waderson só então, nos avisa que estava com a gasolina na reserva e
que seu carro estava com problemas de mecânica. Agora corria o risco dos cinco,
eu, Lídia, Cake, Waderson e nosso querido Chokito de ficarmos empenhados no
meio do mato. Chokito não tinha pressa,
pois lá ia ficar.
Descemos do carro e começamos a cavar! Lidia numa
prestatividade dispensável ia cavando de forma peculiar. Enquanto revezávamos a
escavação, o buraco ia aumentando como deveria ser e o calor o acompanhava.
Percebi que a escavação da Lídia era exótica por demais, pedi ao Cake que
distraísse sua namorada. A real era, “tire ela daqui!”. Prestativa como nunca, não quis dar ouvidos e
continuou. Olhei para trás enquanto cavava, vi que a terra que retirávamos do
buraco estava toda espalhada. Quase não
acreditei. A Lidia devia estar com vontade de fazer companhia ao Chokito! Foi
ai que ela pergunta pelo seu celular, “alguém viu meu celular?”. Fomos ao carro e não achamos, voltamos e
liguei para o aparelho dela. O som vem dentro da terra espalhada em volta do
buraco. Não tivemos alternativa, a não
ser ajoelhar e cavar com as mãos. Ah, o
sol... Enquanto isso “Chokito derretia embalado”, dentro do porta-malas.
Encontramos o aparelho! Agora é voltar ao objetivo, dar moradia definitiva para
Chokito!
Eu e Waderson ficamos com a função de tirá-lo
daquele aperto para enfim, dar-lhe outro. Notei que o lençol que cobria
Chokito, era novo e bonito. Waderson fez menção de retirar o lençol. Acredito
que no calor da comoção, pegou o melhor lençol para cobrir seu ente querido. Eu
discordei, "vamos enterrá-lo com lençol." Percebi que certo dilema passará pela
cabeça dele. O lençol era bonito, mas usá-lo outra vez seria estranho e
enterrar o Chokito com ele, também. Enfim,
deitamos o companheiro do Waderson, de tantas alegrias puras, naquele buraco.
Recomeçamos o contato com a terra espalhada, juntando-a em cima de Chokito, a
fim de cobri-lo.
Nesse momento percebemos que o buraco não era tão
fundo assim ou a terra espalhada havia causado isso. Uma ponta do lençol com
parte de Chokito ficou à mostra. Diante
de tantas trapalhadas sorrimos e agora era a vez do silêncio. Um último adeus a
quem só fez a família de meu amigo sorrir, deixando o choro para o único
momento trágico, sua partida. Fora isso,
Chokito fez rir até a despedida final. Amizade é isso.
Marcos Alexandre
A música que escolhi, “The Winners is” é da trilha
sonora do filme “Little Miss Sunshine”, para quem assistiu vai entender algumas
ligações. (risos)
Mano ninguém poderia retrata com tanta maestria!!!!!
ResponderExcluirObrigado meu amigo. Ao Chokito!
ExcluirLittle Miss Sunshine e o avô no bagageiro! Perfeito!
ResponderExcluirPois é rapaz, imagine que hoje mesmo estava conduzindo meu Frederico Ferdinando (o cachorro) pra escovação dos dentes. Meus sentimentos Wderson! Perder o cachorro é perder um amigão e tanto!
Boa postagem Markus Aurélius III.
Salve!
Matou a charada meu amigo Renan! (risos)É isso mesmo. Valeu!!!
ExcluirFui à padaria agora a pouco e descobri que o Chokito não morreu, transformou-se em Milkbar! rs
ResponderExcluirÓtima postagem, Kabra!
Valeu Renan!(risos)
ExcluirQue olhar singelo acerca de um evento dramático! Quanto de humor podemos extrair da tristeza e quanto de melancolia nós temos nas gargalhadas. Muito boa a narrativa, você, com seu olhar único sobre a realidade mundana e, agora, espiritual, deveria se debruçar com mais afinco em refletir sobre as situações diversas.Especialmente a gamense, esse lugar quase sacro-profano.Para mim, ler as suas loucuras é como estar em casa. Falando nisso, impressiona também a qualidade com que foi descrita a participação da nossa querida Lidia. Saudações póstumas ao grande e velho Chokito (taças erguendo). Ao dono dele também, se morássemos próximos, Pateta, te daria um gato - tenho três, alguém quer? A Bolota (minha vira-lata que está tendo uma gravidez psicológica) manda saludos. Hasta la vista, hermanos!
ResponderExcluirLinda Ivi... Volte! rs
ExcluirAmei essa postagem, sou amiga do Waderson e Cheila e conhecia muito bem o chokito... Ele Já mordeu minha mão porque estava com fome kkkkkk mas gostava dele mesmo assim, tinha mania de morder o bumbum de quem o perturbava kkkk. É uma pena, que perda...
ResponderExcluirDébora Rezende
Que bom que gostou Débora! E se ele mordeu a sua mão é sinal de que você não o pertubava. rs
ExcluirBrincadeira a parte... Obrigado!
Caramba acredita que eu abri minha mochila agora e quem eu encontro? O chokito... Juro?! Agora estou com uma dúvida tremanda... Não sei se como ou enterro o chokito...
ResponderExcluirDeixando a dúvida e a brincadeira de lado, sei como é perder um familiar canino e faz bastante falta... Meus sentimentos Waderson...
Pelego